O Requiem - Evento futuro

Era uma noite calma, caía uma leve chuva que parecia tranquilizar aos humanos, porém havia algo de errado com a mesma, seria normal uma chuva abrangi todo o território da Grécia? Não se sabia ao certo, tudo que se sabia naquele momento era sobre a reunião que acontecia, deuses exaltados, problemas cada vez mais eminentes, e o pior, humanos indo contra os deuses, em vez de adora-los chegavam a odiá-los, a situação estava crítica.

Hades, Zeus, Poseidon e Hera estavam trancados no salão de reuniões do olimpo. Já havia algum tempo que eles debatiam em busca de algo que melhorasse a situação dos deuses que a cada dia estava mais agravada, por mais que não admitissem, os mortais eram importantes para os mesmo, simbolizavam o espírito divino que constituía os deuses, e a cada dia esse ia se perdendo.

Hades, deus do submundo, se encontrava no último local da mesa. Um tanto quanto desinteressado no assunto, examinava suas mãos, parecia nunca ter utilizado algo semelhante à forma humana antes. Possuía cabelos negros, lisos. Seus olhos eram da mesma forma, contudo não havia pupila, algo que a principio era um tanto quanto assustador. Vestia uma capa que escondia o corpo do mesmo, assim chegava a parecer ainda mais sombrio.

- Não acho que devíamos nos preocupar tanto com os humanos, somos superiores a eles. Nunca ligaram para mim, tão pouco me adoraram. Chego a despreza-los, e de quem é a culpa por isso? De vocês é claro, destruíram minha reputação, colocaram-me como eterno vilão.

Poseidon ao lado de Hades parecia ser o mais descontraído de todos ali, trajava roupas um tanto quanto informais, e parecia não ter penteado seus cabelos. Seu olhar era distante, parecia buscar o mar. Longe dele se sentia fazia, como se a parte mais importante de si tivesse sido roubado, e talvez tivesse, afinal era aquilo que ele representava.

- Relaxem, são apenas dias difíceis. Daqui a pouco isso passará, assim como em todas as vezes. Tudo que precisamos fazer é dar tempo ao tempo.

Zeus era o mais focado, não parecia ouvir os comentários dos deuses, e como sempre esbanjava soberania.

- Vamos ouvir a Hera.

A deusa sorriu naquele momento, se sentiu levemente envergonhada, mas logo se recuperou da “timidez”. Passou a mão direita em seus cabelos negros, que naquele momento entravam em contraste com seu belo vestido branco.

- Olha, todo sabemos o que eu represento, e por isso costumo ser a mais boazinha das divindades, todavia, busco sempre a praticidade, nós precisamos dos humanos sim, e temos que reverter essa situação. Não sei se vocês chegaram a perceber, mas neste momento todos estamos sobre aparência mundana? Por quê? Para lembrar-nos que eles fazem com que o mundo funcione, nós o regimos, sim. Contudo, eles são importantes para tal, como se eles fossem à força de trabalho e nós a inspiração.

Afrodite estava em uma casa, mas não era uma casa comum. Aquele era o local que a deusa havia dedicado para seus encontros com Adônis. Deitada em seu quarto, vestia um leve manto. Algo similar à seda. Essa era rosa, um rosa elegante quase transparente, porém ainda presente contra a pele macia da divindade.

Deitada na cama ela fitava o teto, naquele momento esperava Adônis. Provavelmente Perséfone havia o impedido de sair do submundo, por isso estava demorando tanto, e aquilo a deixava um tanto quanto desanimada. Ao ouvir barulhos na porta se virou para a parede, de costas para o corredor, buscava demonstrar seu descontentamento com o atraso de seu amante.

Botas enlameadas quase não produziam rangidos ao tocar o chão, a figura se aproximava da deusa que naquele momento emitia sussurros indecifráveis de descontentamento. Era alto e emitia uma aura gélida... Usada uma roupa toda negra que buscava esconder seu corpo, o tecido era leve como se buscasse agilidade.

Ele sentou-se na cama, e fitou Afrodite. Sua mão esquerda tocou as costas da deusa que rapidamente se virou, buscando olhar nos olhos de seu amante, porém, não era ele. Rapidamente o homem levou sua mão direita a boca da deusa, que emitiu um único grito.
Havia algo de errado, ela não desmaiaria tão facilmente, desmaiaria?